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Em 12 de outubro de 1810 nascia Nísia Floresta Brasileira Augusta, pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto. Sua cidade natal, Papari, no Rio Grande do Norte, agora leva seu nome. A educadora, escritora e poetisa viveu ainda em diferentes estados brasileiros e na Europa e é considerada a primeira feminista brasileira. Seu primeiro livro, Direitos das mulheres e injustiça dos homens, foi escrito aos 22 anos. No decorrer dos anos, até seu falecimento em 1885, escreveria outras 14 obras, hoje prestigiadas mundialmente, defendendo os direitos das mulheres, dos índios e dos escravos. Nísia também participou ativamente das campanhas abolicionista e republicana.
“Por que [os homens] se interessam em nos separar das ciências a que temos tanto direito como eles, senão pelo temor de que partilhemos com eles, ou mesmo os excedamos na administração dos cargos públicos, que quase sempre tão vergonhosamente desempenham?” – Nísia Floresta
Movida por estas ideias, aos 28 anos, ela abriu uma escola para meninas. O ano era 1838, e no Brasil reinava D. Pedro II, época em que o ditado popular “o melhor livro é a almofada e o bastidor” estava em alta e representava a realidade imposta a muitas mulheres.
Fortemente influenciada pelo filósofo Augusto Comte, pai do positivismo, com quem conviveu durante suas viagens à Europa, Nísia Floresta entendia as mulheres como importantes figuras sociais, dotadas de uma identidade fundamental para o crescimento das sociedades.
Os direitos ao voto, a trabalhar mesmo sem autorização do marido, só viriam cem anos depois. Quando tinham a oportunidade de ir à escola e aprender, só lhes eram ensinadas a costurar, os cuidados com o lar, as boas maneiras e as virtudes morais de uma boa mãe e esposa.
O cenário mudou quando a escola de Nísia Floresta, instalada na Rua Direita nº 163 do Rio de Janeiro, sob o nome “Colégio Augusto”, passou a ensinar a gramática, escrita e leitura do português, francês e italiano, ciências naturais e sociais, matemática, música e dança às meninas.
Tais feitos renderam a Nísia não somente críticas pedagógicas, mas também ataques à sua vida pessoal, à moda machista.
Artigos nos jornais tentaram depreciá-la como promíscua nas relações com homens e com suas alunas.
Um exemplo de crítica ao colégio e à formação das meninas aparece publicado no jornal O Mercantil, de 2 de janeiro de 1847 (DUARTE, 1995), comentando acerca dos exames finais em que várias alunas haviam sido premiadas com distinção:
“… trabalhos de língua não faltaram; os de agulha ficaram no escuro. Os maridos precisam de mulher que trabalhe mais e fale menos”.
À frente de seu teu tempo, Nísia Floresta defendeu o direito à educação científica para meninas, fundando a base de gerações de mulheres que hoje estão em escolas e universidades, aprendendo e ensinando.
Em 15 de março de 1827, Dom Pedro I assinou a primeira legislação no Brasil relativa ao acesso de mulheres à escola, que permitia o acesso às escolas elementares, mas impedia que as meninas se matriculassem em escolas avançadas.
“Dê-se ao sexo uma educação religiosamente moral, desvie-se dele todos os perniciosos exemplos que tendem a corromper-lhe, desde a infância, o espírito, em vez de formá-lo á virtude, adornem-lhe a inteligência de úteis conhecimentos, e a mulher será não somente o que ela deve ser — o modelo de família — mas ainda saberá conservar dignidade, em qualquer posição que porventura a sorte a colocar.”, escreveu.
No Brasil imperial do século XIX, Nísia Floresta foi a primeira educadora a defender o direito à educação científica para as meninas.